A Dor da Mudança e a Relação com a Curva J.
Bom, já falamos um pouco sobre o porquê metodologias Ágeis NÃO não funcionam, agora está na hora de entender o porque várias organizações acabam desistindo ou achando que é impossível aplicar agilidade.
Para conseguir exemplificar de uma forma mais fácil, vamos para os exemplos do mundo da imaginação da Jessy!
Exemplo Imaginativo 1: Você se lembra como aprendeu a andar de bicicleta? O processo não deve ter sido tão rápido, deve ter exigido um tempo para que você tenha conseguido aprender de fato. Primeiro você aprendeu a andar de rodinhas (um suporte) e depois que pegou o jeito você começou a tentar se equilibrar sem elas, sentindo como a bicicleta se equilibra conforme você se movimentava. Durante a aprendizagem, você pode ter caído, se machucado todo, ou até mesmo quebrado alguma coisa essa última foi eu, fratura semi exposta! Se por algum motivo você interrompeu o treinamento bicicletistico por um tempo, possivelmente teve que reaprender várias coisas de novo. Porém, se você continuou treinando possivelmente conseguiu aprender, e talvez até a se aperfeiçoar na arte de andar de bicicleta, pode até em algum momento andar sem uma mão no guidão, depois sem as duas e assim por diante até fazer umas manobras mucho loucas!
Exemplo Imaginativo 2: Você se lembra quando começou aprender a dirigir? Talvez alguém tenha sentado no banco do passageiro e foi te dando os comandos em um lugar deserto, ou você foi direto para as aulas de direção onde ao seu lado tinha um instrutor, o importante que para começar, você tinha algum tipo de suporte para conseguir ir aprendendo. De início, usando as palavras de Pedro Calabrez, você quase tinha uma diarreia em tentar lembrar que tinha que pisar na embreagem, acelerador, ouvir o som do motor do carro e trocar a marcha tudo de uma vez. Talvez você tenha batido o carro ou pensado que nunca iria conseguir aprender. Conforme você foi treinando você foi pegando o jeito, hoje você consegue sair com o carro colocando o cinto de segurança, trocando a estação de rádio, apertando a embreagem, acelerador, trocando a marcha e esterçando o volante, tudo de uma vez! ai que orgulho!
Em ambos os exemplos, primeiro você precisou de algum tipo de suporte ou ferramenta que conseguisse te orientar para aprender (um instrutor para o carro ou rodinhas para a bicicleta). Depois as coisas ficaram um tanto ruins, você caiu e se machucou tentando se equilibrar na bicicleta, sofreu um grande estresse e até mesmo pode ter ralado ou batido o carro tentando dirigir.
E esse processo é a chamada curva J. O que você não pode é desistir no meio do processo, não avaliar o progresso ou perder o suporte no momento que você ainda precisa dele, pois sem o suporte, você não consegue se auto-avaliar afim de procurar oportunidades de melhoria e evoluir no processo.
Você começa usando ferramentas como reuniões diárias, plannings, frameworks mais prescritivos, como o scrum que te fala exatamente os passos a serem seguidos, começa a usar várias ferramentas e dinâmicas do mercado (claro, fazendo a reflexão e entendendo o mindset por trás de cada prática). E conforme você for praticando, as coisas vão começar a ficar ruins pois você tem que lembrar de administrar tudo isso, gastando muita energia investindo tempo e esforço, se você for avaliando seu progresso e se tiver os suportes necessários, com o tempo possivelmente as coisas vão melhorar e então você chegará no seu objetivo final!
Se quiser saber mais como funciona o processo de mudança e Como ter Sucesso no Processo de Mudança, veja este post.
Os Status de Cada Parte da Curva J.
Na imagem abaixo temos cada status diferente que passamos na curva J, primeiro temos o Status Quo inicial, depois partimos para a aprendizagem de novas práticas e aqui começam a aparecer as dificuldades (medos começam a aparecer, pessoas envolvidas começam a ser mais resistentes, é mais difícil conseguir seguir novas ferramentas e práticas), depois vamos para o caos onde tudo parece que só vai piorar e que estávamos pior do que antes, e só depois que começamos a ter a recuperação de capacidade/performance para então atingir o tão sonhado Novo Status Quo aqui se ouve coro de anjos celestiais!
Como Notar que Estamos Saindo do Caos da Curva J?
Talvez você esteja se perguntando como ter certeza de que está realmente no status de caos e que as coisas vão melhorar. Quando eu comecei a dirigir, comecei a perceber que de casa até o lugar onde eu trabalhava, eu deixava o carro morrer três vezes, e na volta também morria três vezes de novo. A cada viagem eu fazia essa conta, e conforme os dias foram passando, percebi que uns dias morria apenas duas vezes na ida, três vezes na volta, outros dias duas na ida, duas na volta, e assim por diante até que eu parei de morrer com o carro. Eu fui notando melhorias pois estava contabilizando (metrificando) a minha evolução. E essa é a melhor forma de avaliarmos se estamos evoluindo ou não.
Para você saber que saindo do status do caos, tenha métricas desde o início do processo (Status Quo Inicial), e vá medindo conforme o processo de aprendizagem e de mudança forem acontecendo, até que você consiga superar o caos e venha a ganhar mais capacidade.
Okay Jessy, mas e se, eu parar com a mudança justamente a poucos passos dela começar a ganhar capacidade?
Toda organização deve saber quando parar, e até quanto ela está disposta a investir para depois ganhar. Ter uma métrica para isso é essencial. Por exemplo, quanto estou disposto a investir em minha educação para que no final eu consiga um patamar melhor? Outro exemplo, quanto a minha organização está disposta a investir (tempo, dinheiro, treinamento, diminuir a produtividade, etc) em sua transformação? Também há duas outras formas de avaliar se vamos sair do caos, e estão descritas aqui!
Porém, mesmo metrificando, não é garantido que você parará no status do caos ou que irá ganhar capacidade depois, existem outras coisas que precisamos fazer para garantir de sair do caos, porém isso ficará para o próximo post (por que eu tenho quase certeza que tu já tá meio cansado desse post hehehe).
Conclusão.
Neste post vimos que toda mudança gera uma curva J, e para cada momento dela temos um status diferente; começamos a praticar algo novo, as coisas começarão a ficar difíceis e chegará um momento que ficarão ainda piores, e podemos até cogitar a abandonar tudo pois estamos piores do que antes, porém conforme formos praticando, ganhamos cada vez mais habilidade e capacidade, até que cheguemos no Novo Status Quo.
As vezes pode ser que não cheguemos nesse Novo Status Quo, mas essa é uma outra curva J pois existem vários tipos de Curvas J; as radicais, as de melhoria, as de inovação e até aquelas que nos levarão a um patamar pior (sim, um status quo pior!!!). E é disso que vamos falar no próximo post.
#GifMotivacional